
O mercado de varejo está em constante mudança. Há quem diga que o futuro será disruptivo. A rápida mudança dos comportamentos de consumo, a aceleração das gerações, os novos modos de compra tem mostrado aos varejistas que o futuro das operações tradicionais precisa ser pensado a luz de novos conceitos.
Há algum tempo atrás, este pensamento foi traduzido, erroneamente, como a morte da loja física. Conclusão errada para um problema existente. A loja física não irá morrer, o consumidor precisa e anseia por este contato com a marca, o seu calor, engajamento, sua proximidade. O problema, entretanto, permanece: os modelos tradicionais existentes estão antigos diante das novas gerações e suas demandas. Como, então, reinventá-los?
O painel “Rock star entrepreneurs and the next generation of thinking” proposto pela NRF este ano, procura trazer a tona este debate, com a apresentação de três empresas americanas que tem se tornado destaque nos últimos anos pelo seu conceito de negócios inovador, que apresentam marcas fortes, experiência e propósito.
A primeira delas é a “Story”, um misto de revista, galeria de arte e loja. Com um conceito que vai muito além das operações tradicionais. Localizada em Nova York, a loja nasceu como uma pop up store em 2011, e ao longo desses 6 anos conquistou seu público fiel, se tornando fixa, ou quase.
Isto por que a cada mês a loja se reinventa. Novos estilos, tendências, ambientação, produtos, um novo conceito trazido a público, como a pauta particular de uma revista especializada. Criatividade, bem estar, saúde, festas, são alguns dos conceitos já trabalhados, com produtos que vão de moda a decoração.
A constante mudança faz com que os sempre tenham motivo para voltar.. Uma loja em que nunca se sabe o que se irá encontrar, com produtos exclusivos, em tiragens menores, sem reposição.
Soma-se a isso uma gestão de conteúdo espetacular, com a criação das pautas específicas e textos explicativos de cada categoria e produto, de acordo com o tema principal, que levam o consumidor ao desejo de compra, pelo entendimento dos valores ali envolvidos.
Outro destaque do painel é a “&pizza”, que aos poucos vem se transformando na nova febre americana. Uma loja que se apresenta como um anti-estabelecimento, sustentada pela força, unidade e vibração de sua tribo (“ampersand tribe”). Falando sobre essa tribo, a pizza chamou a atenção para sua política de pagar seus funcionários para obter tatuagens do logotipo da cadeia. Os funcionários se identificam e se reconhecem como “membros da tribo”. E não é para menos, já que um dos valores principais da marca é justamente cuidar dessa tribo, garantido seu sustento e qualidade de vida.
Com bebidas artesanais e pizzas criativas, que podem seguir os sabores sugeridos ou serem desenvolvidas pelos seus clientes, a empresa já conta com mais 20 locais em Washington, D.C., Nova York, Maryland, Pensilvânia e Virgínia.
Outro destaque do posicionamento da marca está na sua força junto a comunidade, com design de loja focados no local de atuação, pensados de acordo com o que efetivamente se pode acrescer àquela região como identidade e cultura. Sempre somando, seja em ambientação, produtos ou parcerias locais.
Fechando a lista dos convidados, apresenta-se o “Museum of Ice Cream”, com sua experiência imersiva. O “Museum of Ice Cream” é literalmente um museu, onde paredes são feitas de cones de casquinha de sorvetes, piscinas são cheias de granulados e a alegria no ato de se tomar um sorvete lembra a infância e os momentos felizes. Como a empresa mesmo gostam de se apresentar, um lugar onde as ideias se transformaram em realidade, onde os sabores são cheios de mistérios, os toppings são brinquedos e os granulados fazem do mundo um lugar melhor.
A experiência, existente em São Francisco, Los Angeles e Miami tem sido destaque das revistas de negócios internacionais, se tornando visita obrigatória para crianças e adultos, locais ou turistas, em busca de boas lembranças.
A história motivadora da criação desses três negócios é uma das apostas da NRF desse ano, com foco na quebra de paradigmas e reflexão sobre aquilo que se é necessário para a conquista do engajamento das gerações futuras.
Patricia Cotti – IBEVAR e Academia de Varejo