Nos últimos anos, uma expressão vem ganhando força no mercado, e todos trabalham para atingi-la. O varejo disruptivo vem mexendo com a cabeça dos grandes varejistas que estão tendo que se reinventar para conseguir atrair o novo público.
Para quem não conhece o termo, a ideia de disrupção vem quando um produto ou serviço cria um novo mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam. É geralmente algo mais simples, mais barato do que o que já existe, ou algo capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado. Em geral começa servindo um público modesto, até que abocanha todo o segmento.
Ações disruptivas estão surgindo em todos os lados. As startups são o melhor exemplo para isso. Um dos casos mais conhecidos é o do UBER, que dispensa explicações. Não existia nada no mercado igual e em poucos anos aquela startup se tornou uma das principais empresas do mundo.
O caso do UBER é extravagante, ok, todos podem concordar. Poucos conseguem visualizar uma oportunidade de mercado tão grande, que após explorada fica clara e evidente para aqueles que utilizam do serviço. São as grandes descobertas. Mas existem ações disruptivas mais simples, voltadas para tendências de comportamento já apontadas, mas que muitos se recusam a acreditar.
Diariamente, ao tratarmos dos casos internacionais de sucesso e de tendências, escutamos que eles não são aplicáveis no Brasil, que o nosso consumidor não está acostumado, questão de cultura e modelo de negócios.
Um grande exemplo, é a banca de frutas e verduras no meio de uma estrada de Minas Gerais (vídeo acima). O comerciante simplesmente confiou em seus consumidores e deixou a banca sozinha, apenas com placas que diziam, “pegue e pague”, “confio em sua honestidade”, “Você NÃO está sendo filmado”. O vendedor ainda disponibiliza uma caixa com moedas e notas menores para que o consumidor consiga pegar seu troco.
No caso da banca de frutas e verduras a ação do comerciante agrega uma série de novos conceitos que estão ganhando espaço no mercado, como o autosserviço e o self checkout. Com está nova geração de consumidores (nativos digitais) que busca por praticidade e menos contato pessoal, estes conceitos estão em alta.
O autosserviço já é um serviço mais popular, em que o cliente realiza o seu próprio atendimento, só tendo contato com o funcionário do local na hora da venda, podemos ver este tipo de serviço em restaurantes por quilo, supermercados, entre outros. Ainda sim, para muitos se apresenta como controverso, dado o histórico brasileiro de “força do atendimento” junto do consumidor.
Por outro lado, o self checkout é algo novo para o mercado nacional, advindo das novas tecnologias e a mudança de perfil dos consumidores. Ele se trata de um ponto de pagamento automático, em que o cliente passa o produto por uma maquina e já realiza o pagamento junto a ela. Nos varejos que possuem o self checkout é possível que o consumidor realize sua compra sem ter que ao menos falar uma vez com algum atendente.
Um exemplo de varejo que usa este tipo de serviço é a Hointer, que não possui em seu ponto de venda funcionários e/ou atendimento.
Não é preciso, entretanto, ser radical. Operações novas do Mc Donald’s, já adotam este conceito em outros mercado, com os totens de auto-atendimento e redefinição de seu layout de loja.
(Totem de auto-atendimento do Mc Donald’s em Londres)
Há e sempre haverá quem defenda que diante de nossa realidade esta tendência é algo longe de ser realizado, e até inaceitável do ponto de vista do consumidor. Algumas operações já o tentaram.
Esta banca de frutas, entretanto, sem nenhuma estrutura ou grande operação, mostra que as vezes negar não é a melhor solução. Não que precisemos adotar isso do dia para a noite em nossos modelos de negócio. De maneira nenhuma. Mas a ideia não é algo longe ou de difícil execução. É uma questão de modelo de negócios, estrutura e posicionamento.
Em uma era que a mudança do perfil comportamental é algo quase que diário, diante dos diferentes grupos de compra adotados pelo consumidor millennial, conceitos como autosserviço e self checkout se tornam cada vez mais importantes, devido a sua capacidade de atender essas novas posturas de geração.
Patricia Cotti, Diretora de Conteúdo da Academia de Varejo
Arnaldo Mello, Colaborador da Academia de Varejo